crisca1808@gmail.com

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Bolor

Me assusta esse veloz da vida,
A ciência de ser carne e sonho
Por legado transeunte.
Passeia o tédio nos jardins platônicos
Na cozinha de Villa-Lobos
E nos becos londrinos
Impregnando de bocejos
As caves da mente.

Além, o domínio fictício dos espaços
A bruma da Arte nos painéis do Novo
O Moderno e a Modorra, embolorados.
Ah, o caráter sem-rédeas do Tempo!

Aqui e ali, entediados, dormitam
Os cocheiros do Ócio
E em longes latitudes
Coçam-se as costas ao paxá.

Dançarinas esvoaçam, pairam e revoam
Em torno de uma idéia pálida
E assusta o fantasma desenluvado
Da matrona sem brasões
Em meio às ancas de meninas-putas
A espargir orgíacos odores
Em festins antigos como a castidade.

Nas sacadas dos prédios tombados
Não há um único pássaro,
Uma demão de polidez;
Me assusta a solidão dos prédios,
E sua concretude.

O Tédio não, esse já não assusta
E a Solidão não mete medo:
Coabitamos, pachorrentos,
Tecendo longos comentários a respeito.
Gosto deles: não pedem silêncio
Quando desvario,
Não me chamam louca se emudeço –
Não se dão a intimidades.

2 comentários:

  1. Cris cada texto teu que leio, me sinto tão pequeno, mas não no lado ruim da coisa, mas so me lembra que me soberba cerebral é nada diante dessa forma de transformar o pensamento em poesia assim como você faz.

    ResponderExcluir
  2. Você é que é Poesia Pura, sem fazer o menor esforço.

    ResponderExcluir

Comente