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domingo, 26 de dezembro de 2010

Meu tempo é a.C.

É. Ainda escrevo cartas.
Me diz por onde tu anda, Ômi.
Fazendo. Pensando. Produzindo o quê.

Novidadezinha chata: perdi todos os
emails. Adeus todos os registros de
conversas entre mim e os três mosqueteiros.
Puft! Sumiu everything. Problemas com o
Windows Live Mail, etc. Nem adianta detalhes.
Já chorei o q me cabia, e chega. Parece que
aquele teu "sonho" de ver nossas cartas
publicadas foi pelo ralo.

Nem vou perguntar a A. e N. se têm
esses textos salvos; eles não
se dão ao trabalho de responder.
Quanto a voce, não sei como está, e não
me sinto no direito de pedir nada.

Eu bem podia telefonar, mas nesta casa as paredes "são" ouvidos,
não vou me expor ainda mais; estou vulnerável, pra não dizer
frágil e triste, até onde posso estar.

Triste, mas não "arrasada".
Aquele episódio serviu ao menos pra isso.
De lá pra cá,NADA MAIS me fez arrancar
um só fio de cabelo. Nem mesmo
a morte de dois grandes amigos.
Foi vc que me disse que isso é "amadurecer"?
Morrer dói bem menos - eu vi.

Saí da adolescência lá pelos 37 anos, vendo o A. definhar.
Depois daquele agosto de 2007,entrei na envelhescência.
Fazer o quê. Os FATOS -sem melodrama- são simples e claros, como você quase disse uma vez: eu sempre dei mais do que tinha, restou muito pouco de mim pra mim.

Há poucos meses eu não escreveria
uma coisa dessas sem cair no choro.
Hoje... tô aqui com uma cara de
monje tibetano, que tu não imagina.
No fundo estou é perplexa com minha
[aparente?] passividade diante das
pequenas e grandes tragédias do dia-a-dia.

Percebo que me dei importancia demais,
fui vaidosa, prepotente, alienada,
a vida toda. Em tudo e com todos,
mas sobretudo em relação a vocês
três, e BEM ESPECIFICAMENTE
no que toca a você-sabe-quem.

Não faz muito tempo eu me achava
- sem a menor razão concreta -
a última coca-cola do deserto.
Auto-defesa. Uma neurose a mais, uma a menos...

Caiu a ficha. O que sou afinal?
Uma mulher de meia idade,e, afora
o luxo de ter, além da vida, mais uma doença incurável,
uma mulher absolutamente comum, sem talento
ou status que a distinga do vulgo.
Preconceituosa, o que significa
no mínimo tacanhez. Mesquinha, possessiva;
desprovida de bom-senso,ética,dinheiro,
beleza; sem civilidade nem pra frequentar um baile funk.
Por que raciocinio tortuoso uma criatura dessas se acredita
indispensável, admirada, amada, bem-vinda?
É muito doido isso, muito doido.

Cris

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Remorso

Remorse is memory awake
Her companies astir
A presence of departed
At window and at a door.

Its past set down before the soul
And lighted with a match
Perusal to facilitate
Of its condensed dispatch.

Remorse is cureless, - the disease
Not even God can heal;
For it’s His institution, -
The complement of Hell.

                   ****

Remorso é memória alerta;
Presença do ausente
Em sentinela
Na porta e na janela.

O passado diante da alma
Por uma chama iluminado
Pra facilitar a leitura
De seu código cifrado.

Remorso é mal incurável,
Nem Deus pode aliviar;
É Sua instituição,
Inferno complementar.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Da [in] utilidade das palavras

Se me faltam palavras,
estou irremediavelmente só,
à mercê do destino - ou da morte -
que diferença?
 
Mas sei de solidão maior.
É quando, mercê das palavras,
Não há uma que nos conforte
ou nos convença.