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domingo, 8 de abril de 2012

Do fundo da gaveta


Nada me empeces, e sem que o saibas
Conheço-te já - és palatável: beijo agridoce
Mágoa salobra no olhar
Lábil desejo, peito ancoragem, braços de mar.

Todo te entesas, e em mim te enredas
Como no muro a hera. Me gostas sem pressa e sem norte.
Na morna acidez do teu, meu verbo avivas.
Se eu quero, tu me esperas
E da pequena morte
Não me privas.

De um mero olhar dos meus que em ti pousara
Sobem labaredas – e por esse fugidio céu
Ousamos o que no eterno não se ousara.

Profanamos o Amor, sem mastro e sem rumo
Marinamos a Carne nos sagrados sumos
Tatuamos um no outro um Camapheu.
Eu minto que na vida jamais fui ou serei tua
Tu finges não saber que morres meu.