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sábado, 14 de agosto de 2010

Balada dos Escolhidos

Há portas abertas para todos os destinos
Mas uma só estrada bipartida
De que a intervalos de medo
Palmilhamos depressões e cimos.

Pesamos como a trave nos caixilhos
De janelas que dão pro Sonho
Ou nos quedamos lassos, desde ontem,
Nauseados, na grade e no tombadilho
De um navio cujo rumo ignoramos
- O timão a cargo de Caronte.

Tenebrosa calmaria nos navega
- Ou nos deriva –

Ou o vento enfuna a vela
Da tormenta, e nos abriga.
Somos o Fardo, e provisões apodrecidas
Nosso hálito incomoda qual remorso
Da que por vaidade aborta
Ou a lâmina afiada nas línguas de fogo
Da lareira morta.

A ausência de tudo nos chamusca a pele
Embala-nos a voz de uma paixão imbele
E nosso jugo não é leve:
A todo custo, permanecer.

Até aonde alcança a vista baça
E de onde quer que se perscrute
Todo que enxerga pode ver:
Nem curso d'água nos perpassa,
Nem sede nos assusta,
E ser feliz é quanto basta Ser.

Somente o Grande Nada é concreto,
Esboçado na cal viva dos presságios:
Ao largo de caravanas e adágios
Gozamos os oásis de todos os desertos
Até a vista escurecer.

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