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terça-feira, 7 de setembro de 2010

Arquipeleja com a insânia

Meu caro amigo, este foi
um dos melhores presentes que você já me deu,
até porque me fez confirmar uma intuição.

Nem peço perdão pela "heresia".
O laureado Lobo Antunes pode
ser a quintessência da literatura lá pras suas
cachopas. Pra mim... daqui das profundezas
da minha santa ignorância, e estribada
no assumido preconceito...
acho que ele é "tipo assim" um Marcel Proust
lusitano, isto é, um pé no saco. Ah, você
adora o Proust? Eu até hoje lamento
o tempo perdido com ele.

Se calhar, quem sabe topei justamente com o livro
mais "difícil, profundo, hermético" do escritor.
Vai ver não tenho é um pingo de cultura,
erudição, sensibilidade para conferir
o devido valor a esse caviar literário.
Deus me conserve assim.

O que me intriga é a crítica botar o Lobo Antunes
na mesma prateleira com o Saramago. Mais do que
me intriga: incomoda tanto quanto incomodou
ao lúcido ensaísta da cegueira branca.
Sei não, viu, mas ou eu sou tapada
ou o gajo é um excelente psiquiatra.
Pra você ter uma vaga ideia, nem sei dizer
exatamente o que mais me desagradou: a apresentação
gráfica do texto, a caoticidade das ideias e
sentimentos semi-expressos, ou explícitos de- mais,
ou a evidente intenção de ser inovador,
arrojado, ultramegapósmoderno,
Saramaguiano.

Antes de me acusar de obtusa, leia
esta seção de autoterapia intitulada
O ARQUIPÉLAGO DA INSÔNIA, Ed. Objetiva, 2010.
Duvido que vença 50 páginas.
Se vencer, perceberá, como eu, que
não vale a tinta com que se imprimiu
A Jangada de Pedra - pra citar só um
dos livros mais apaixonantes da Era
do Degelo.

2 comentários:

  1. Nega, vai ver foi por isso que não gostei do cara. Embora não seja cordeiro, quero distância deste lobo. Esse tal de Proust, por sua vez, me persegue. Ele me olha há anos da estante de casa, visito-o vez por outra, mas não tanto para ir "em busca do tempo perdido". Beijo.

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  2. Pois agora é "questão de honra"... Vou ler o Proust.
    Quando tu me emprestares, é claro. Minha honradez não chega ao ponto de pagar tão caro para entediar-me.

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