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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Meu Beatle predileto

Ringo Star, 4 meses

Até agora, não parece que tem cão em casa. Acho que veio mesmo do Tibet, como seu primo Lhasa Apso. Meu filho disse que ele é "zen". Pra mim, é praticamente um monge.
Estou estranhando o comportamento do Ringo porque a Nina (Cocker  + perdigueiro) era um dínamo. Latia pouco, mas não parava um instante, e tinha a desagradável mania de mordiscar os calcanhares de todo mundo.
Ringo é um Shih Tzu, e esse cão tem fama de ser brincalhão, nada agressivo, mas difícil de adestrar. Não parece ter o ser humano em altíssima conta, como os cães em geral.  Mal chegou, devorou uma medida de ração, bebeu muita água mineral quase gelada. Vistoriou a casa toda, fuçou cada recanto, mas não saiu marcando território com xixi, como eu esperava - e temia.
Passeou como um lorde pra lá e pra cá, abanando a cauda suavemente, com um ar de "é... tá bonzinho esse lugar, podia ser pior". Depois fez um cocô muito elegante na porta da frente. Eu fechei a cara na hora, disse não! sem gritar mas com firmeza; botei ele em cima do papel onde deve fazer de hoje em diante. Me olhou com cara de "ô mulher enjoada" me deu solenemente as costas, e esparramou-se na pedra fria do quintal, entre as mini roseiras e hortelãs, e passou uma meia hora olhando pro Nada, com cara de enfado. Nem aí pra mim. Adorei.
Mas todos estranham, e insistem em dizer: esse cachorrinho deve estar doente, ainda não latiu e é quieto demais. Fui tomar banho e ele ficou olhando da porta do banheiro, impassível. De vez em quando erguia as orelhas, atento a algum barulho lá fora. Agora cochila esticado no chão, na frente do ventilador, a cara enfiada entre as patas dianteiras. A caminha ele não quis. Mas eu entendo, tá um calor dos diabos, embora a janela aberta, o Nin, a buganvília amenizem. E o piso do meu quarto é um mosaico que deve ter vindo com Tomé de Sousa numa caravela, está limpo, seco e frio, uma delícia. Até eu queria deitar nele agora. O olhar confiante e amistoso desse anjo de quatro patas me lembra uma frase que li não sei onde nem quando: infeliz o homem que não tem sequer o amor de um cão. Bom: se depender disso, até que não estou mal.

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