[...] Vivemos num tempo e lugar em que nenhum valor moral é mais importante que a troca do nosso dindin (ou poder) por algo que alguém nos quer convencer a comprar. Seja um saco de arroz, uma religião ou um político. Nesse contexto em que a competência se impõe, não importa se os argumentos dos "vendedores" são verdadeiros ou falsos, desde que sejamos persuadidos. E uma das principais armas para nos convencer é o discurso, a linguagem. Nem tanto o que se diz, mas como se diz.
Hoje, como nunca antes, malabarismos linguísticos fazem que um sim signifique não. E pouca gente o percebe. Assim é que se abre caminho para um programa de proteção aos direitos humanos que revoga direitos humanos. Ou uma chamada "Comissão da verdade" que só quer uma meia verdade, ou a verdade de um dos lados. Ou o caixa dois transformado em "recursos não contabilizados". Ou o corrupto que é apresentado como grande estadista. E assim por diante.
O próprio Orwell escreveu: "Se as ideias corrompem a linguagem, a linguagem também corrompe as ideias".
Por isso enriquecer o vocabulário não serve somente para falar bonito.
Serve também para pensar corretamente.
Luciano Pires
http://www.lucianopires.com.br/
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